Porque Música Brasileira não é Jazz

A música é livre para qualquer um tocar, só não chame manga de maçã!

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Em quase todas as enciclopédias de música do mundo, a Bossa Nova é considerada como uma fusão entre Samba e Jazz. Críticos e jornalistas na Europa, Estados Unidos e no Brasil, e até os próprios músicos, descrevem a Música Brasileira da mesma forma: Bossa Jazz, Samba Jazz, Jazz Samba, Brazilian Jazz, Jazz Carioca. Esta por sua vez é uma falsa premissa que por ter sido tantas vezes usada findou por tornar-se “verdadeira“. É uma desinformação que por vários motivos foi implantada e considerada correta. Isso é muito curioso, pois a música brasileira não é Jazz e o Jazz não é Samba.

Por que isso é importante?
Pelo mesmo motivo que foi importante provar que a terra não é plana: conhecimento, economia e mercado, e poder geopolítico cultural.

Os gêneros musicais Jazz e Música Brasileira são como primos distantes, com ancestrais comuns da África e da Europa. Nos últimos 500 anos no contexto colonial, tem havido um desenvolvimento musical paralelo nos Estados Unidos e no Brasil, sem interação. A tradição de ritmo, improvisação e harmonias alteradas são abrangentes em ambos os países, cada um à sua maneira. Isto significa que o Brasil não era uma sub-colônia cultural dos Estados Unidos e que os Estados Unidos não têm monopólio sobre improvisação e harmonias alteradas.

Dizem que a Bossa Nova tem harmonias de Jazz. Não existe “harmonias de Jazz”. A harmonia alterada vem da música erudita – do Impressionismo francês – e assim não pertence a um gênero específico. O uso no Brasil de harmonias alteradas surgiu e amadureceu principalmente com o Choro no início do século 20. Ernesto Nazareth, Radamés Gnattali e Heitor Villa-Lobos foram as figuras-chave na transformação e implementação da harmonia moderna. Quer dizer que antes da Bossa Nova o Brasil já tinha desenvolvido a tradição do uso de harmonias alteradas de uma maneira própria e distinta.
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